Resenha - Como eu era antes de você; Jojo Moyes.
Lou Clark sabe uma porção de coisas. Ela sabe quantos passos separam sua casa do ponto de ônibus. Sabe que adora trabalhar como atendente em um café e sabe que provavelmente não
ama seu namorado Patrick. O que Lou não sabe é que está prestes a perder o emprego, e
que isso a obrigará a repensar toda sua vida.Will Traynor, por sua vez, sabe que o acidente com a
motocicleta tirou dele a vontade de viver. Ele sabe que o mundo agora parece
pequeno e sem graça, e sabe exatamente como vai dar um fim a tudo isso.O que Will não sabe é que a chegada de Lou vai trazer de
volta a cor à sua vida. E nenhum deles desconfia de que esse encontro irá mudar
para a sempre a história dos dois.
***
Primeiramente, gostaria de dizer que é a segunda vez que eu
leio esse livro e provavelmente não será a última. Li COMO EU ERA ANTES DE VOCÊ
ano passado e lembro que amei, no entanto, lendo novamente entendi porque
adorei tanto o livro e porque implorei para meus pais me darem ele de presente
de natal esse ano.
O livro conta a história de Louisa Clark, garota de 26 anos
que mora em uma cidade pequena, trabalha em um cafezinho, mora com os pais e
tem um namorado que é fascinado por academia. Quando Lou é dispensada de seu
emprego, ela começa a procura por um novo trabalho para que assim possa ajudar
nas despesas de casa. Sem muitas escolhas, Louisa acaba aceitando um emprego
como cuidadora de Will Traynor, que é tetraplégico. Lou de cara passa a odiar
respectivamente seu emprego, seu patrão e até mesmo a sua vida. No entanto, no
decorrer da história, Will se mostra muito mais do que um simples cara rico com
uma história trágica e um relacionamento saudável, divertido e extremamente
fofo antes impossível passa a florir entre os dois, mudando para sempre tanto a
vida de Lou quanto a vida de Will.
O ponto forte do livro certamente é Louisa. Adoro o fato de
que ela é uma personagem extremamente real. Sei disso porque diversas vezes me
perguntei se Jojo Moyes não estava escrevendo sobre mim (como na parte em que
ela confessa para Will que deseja fazer uma tatuagem de abelha no ombro ou no
quadril). Lou é extremamente engraçada, colorida, inteligente (mas não sabe
disso) e acima de tudo, não é daquelas mocinhas que só sentem amor no coração. Ela
sente ódio, inveja, ciúme e até mesmo é um pouco egoísta, o que eu AMO. Gosto
porque, sinceramente, estou cansada de como nos livros atuais, as mocinhas são
extremamente perfeitas, com corpos lindos e maravilhosos e completamente
altruístas. Lou é bonita, mas também um pouco cheinha, tem inúmeras qualidades,
mas também vários defeitos e isso é o que torna ela extremamente humana e faz
eu me identificar enormemente com ela.
“(...) Imaginei se o cabelo e a
maquilagem dela tinham sido feitos por uma equipe de profissionais.
E se ela estaria usando uma calcinha modeladora. Claro que não. Devia usar
coisinhas rendadas em tons suaves — lingeries femininas para quem não precisa
levantar nenhuma parte do corpo e que custam mais que o meu salário semanal.”
A estrutura do texto é simplesmente genial! Para quem está
acostumado com narrativas mais complexas o livro flui naturalmente, no entanto
quem lê livros de linguagem mais simples terá um pouco de dificuldade no
começo. Digo isso porque tinha um bom tempo sem ler livros de linguagem mais
rebuscada, vamos se dizer assim, e li o primeiro parágrafo umas três vezes para
me acostumar ao ritmo da autora. Mas passado o primeiro capitulo, a narrativa
flui. Contudo, o que me chama mais atenção é a inteligência da autora. O livro
tem diversos momentos em que fica fadado a chatice, mas a autora consegue, com
um jogo de palavras e porque não de cintura impressionantes prender a atenção
do leitor em momentos que você não daria nada. A maior parte do livro é em
primeira pessoa, mas não tem somente um narrador. Embora o narrador principal
seja Lou, temos a narrativa de pessoas que sinceramente, em primeira instancia
relutei em ler. No entanto, são nesses capítulos que a coisa fica mais
interessante, além de dar ao leitor um ângulo de 360° na história. Você vê como
os personagens se comportam e vê situações e detalhes que nunca poderiam ser
narrados pelos personagens principais e causar o impacto que eles causam quando
narrado por outras pessoas. Além disso, o desenrolar do relacionamento de Lou e
Will é simplesmente gostoso de ler. Chegou um momento da leitura que eu olhei
para o livro, analisei o que estava lendo, olhei para a parede e me perguntei:
“Menina, como eles ficaram nessa intimidade?”. Juro que pensei e tentei lembrar
do exato momento em que os dois começaram a ser amigos, mas não tem como,
porque a coisa foi tão bem escrita e pensada que não tem um ponto gatilho.
Simplesmente aconteceu.
“— Não quero
entrar agora. Quero ficar sentado
aqui e pensar que... —
Engoliu em seco.
Mesmo no
escuro, pareceu fazer esforço.
— Quero... ser
apenas um homem que foi a um concerto com uma garota de
vestido
vermelho. Só por mais alguns minutos.
Larguei a
maçaneta da porta.
— Claro.”
Outra coisa que deu uma vida ao livro é a família de Lou.
Minha gente, eu juro para vocês que eu achei que eu estava num jantar de minha
própria família. Cenas cômicas, a ingenuidade e a ignorância dos personagens é
tão real que você acha que está vendo uma cena corriqueira. Os xingamentos do
sobrinho de Lou, as brigas com a irmã, os jantares, tudo isso conseguiu passar
para mim a imagem de uma família perfeitamente normal e comum.
“—
Talvez ele fale por um daqueles aparelhos. Como aquele cientista. O dos
Simpsons.
—
Veado — disse Thomas.
—
Não — disse papai.
—
Stephen Hawking — disse Patrick.
—
É você, é culpa sua— respondeu mamãe, olhando acusadoramente de
Thomas
para papai. Um olhar tão afiado que dava para cortar um bife. — Fica
ensinando
Thomas a falar coisas feias.
—
Não sou, não. Não sei de onde ele está tirando isso.
—
Veado — repetiu Thomas, olhando diretamente para seu avô.”
COMO EU ERA ANTES DE VOCÊ também traz a tona problema enfrentado pelos
cadeirantes e deixa a solta uma profunda carga moral a respeito dos direitos
dos deficientes físicos. Quando você o lê, você entende um pouco das
dificuldades do dia-a-dia de um tetraplégico e de como nós, que estamos em
perfeito estado físico, diversas vezes somos uns babacas desrespeitando os
direitos deles. Quem ler essa história certamente vai pensar duas vezes em
estacionar em um lugar em frente a uma rampa ou numa vaga de deficientes.
E agora Will. Bom, nem tenho o que falar né gente? Ele é o
homem lindo, maravilhoso, engraçado, carrancudo, porém romântico e fofo na
medida certa que toda garota quer. E o mais legal do livro, é que em nenhum
momento eu senti pena dele. Não consegui ver ele como um inválido ou um
azarado, apenas alguém com limitações. Com certeza seria alguém que qualquer garota
sem preconceitos e um pouco mais de paciência poderia se apaixonar.
Enfim, COMO EU ERA ANTES DE VOCÊ é um livro de belas
imagens, narrativa envolvente, com um plano de fundo extremamente romântico,
que me fez rir alto, gargalhar, chorar, me desesperar, comemorar e acima de
tudo me fez pensar em como a vida é maravilhosa e que eu não posso
desperdiça-la fazendo algo que não force os meus limites. Afinal de contas, a
zona de conforto é maravilhosa, mas nada se compara a sensação de saber que
você pode muito mais do que imagina.
***
BÔNUS: O livro foi adaptado para filme e vai chegar aos cinemas no
ano que vem. Vai ter Emilia Clarke no papel de Lou e AI MEU DEUS DO CÉU, DEUS É
TÃO FIEL SAM CLAFLIN NO PAPEL DE WILL. GENTE, JÁ VI UMAS FOTOS AQUI E NÃO TÔ
BEM, VOU MORRER! Garanto que quando sair o trailer estarei aqui comentando com
vocês. Mas por ora, deixo essa imagem maravilhosa para vocês deitarem no chão
comigo em posição fetal e se perguntar “POR QUE DEUS?”.
BÔNUS 2: MEU POVO, VAI TER UM SEGUNDO LIVRO CHAMADO "AFTER YOU" (DEPOIS DE VOCÊ)! QUANDO SAIR, TENHAM CERTEZA DE QUE EU COMENTAREI!
***
Dica: Quando estiverem lendo, ouça, Summertime Sadness de
Lana Del Rey. Tem tudo a ver com o livro, principalmente a parte do vestido
vermelho. Ou então ouçam Vestido Vermelho de Vanoly Cigano, dá no mesmo,
kkk.
0 comentários